sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Invertendo

CORES IMAGENS CORES IMAGENS CORES | E UM BÊBADO TRAJANDO LUTO | A CARAVANA NÃO MORREU, NÃO MORREU NEM MORRERÁ | MAS É VOCÊ QUE AMA O PASSADO | ESSE RECADO VEIO PRA MIM, NÃO PRO SENHOR | SOU PALHAÇO DO CIRCO SEM FUTURO | FAÇA O QUE TU QUERES POIS É TUDO DA LEI | E NOS DELÍRIOS MEUS GRILOS TEMER | DON'T LET ME DOWN | JUSTICIA, TIERRA Y LIBERTAD | EU NÃO QUERO VER VOCÊ CUSPINDO ÓDIO | WE HOPE YOU WILL ENJOY THE SHOW | FIZ UMA CANÇÃO PRA DECLARAR MINHA SAUDADE | ELES ESTÃO BARATINADO | MALANDRO É MALANDRO E MANÉ É MANÉ | AINDA É CEDO, AMOR | JUST ANOTHER NIGHT IN NANTES | CAN YOU READ MY MIND? | MATO, CERCA, PEDRA, FOGO, FACA, LENHA | É PRECISO AMAR AS PESSOAS | SALVATION IS FREE | A HARD DAY'S NIGHT | COME TOGETHER | NÃO ME ENSINA A MORRER QUE EU NÃO QUERO | ANDO TÃO À FLOR DA PELE | BABA: OLHA O QUE PERDEU! | NA SOMBRA DE UM COQUEIRO EU VOU ME BALANÇAR | NUNCA MAIS FELIZ | TUDO PODE ACONTECER, PARTIR E NUNCA MAIS VOLTAR | O CIGARRO NO DEDO INCENDIÁRIO |  AND ALL ALONG I WAS YOUR HOME | I WENT GOLD | ARE WE HUMAN OR ARE WE DANCERS? | É ARRUDA DE GUINÉ | MAS QUE BOBAGEM, AS ROSAS NÃO FALAM | LET THE SEASONS BEGIN | LET ME TAKE YOU DOWN | NO VERSO, PIMENTA, AGUARDENTE QUE COMIDA QUENTE É QUE TEM MAIS SABOR | HIT THE ROAD, JACK, AND DON'T YOU COME BACK NO MORE, NO MORE, NO MORE, NO MORE...



"No fim. Quem vai estar lá sou eu."
Vanessa Gomes.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Corre, corre-corre!

Está tudo veloz.
Tudo frenético.
Vrum-vrum dos carros
e dos passos largos das pessoas.

Está tudo desesperador.
Tudo ligeiro demais.
O sol sobe e
num instante já é dia,
já é noite.

Porra, tá tudo rápido demais.
Tudo frenético,
tudo correndo muito.
Desse jeito eu não consigo acompanhar:

- Nem os carros, nem os passos largos das pessoas... Até parece que o daqui a pouco já é tarde, num é?

"Eu também um dia fui uma brasa.
E acendi muita lenha no fogão.
E hoje, sabe o que é que eu sou?
Quem sabe de mim é o meu violão."
Já fui uma brasa, por Adoniran Barbosa.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

cadê?

Eu fiquei parada aqui no alto.
Daqui do alto, vendo os carros passando.
Obervando todos - e tudo - pra ver se era você.

Eu fiquei olhando todos que caminhavam.
Dos que eram,
                      você não era.
Dos que foram,
                      você não foi.
Dos que chegavam,
                      você não chegou.

Você não veio.
Você não apareceu.

Sozinha, você me deixou esperando
[pelo teu carinho
pela tua voz
pela tua presença]
bem aqui.

"O que é que tem lá para saber?
Tudo isto é o que é.
Você e eu, apenas.
Simplicidade completa."
Kings of convenience

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sobre a fome.

Não troque fome e vontade de comer.
A vontade de comer, é gula, é capricho, vontade besta que com qualquer distração é esquecida.

A fome, não.
A fome é um desejo.
É verdadeira. É incontrolável. Não mente.
É, e pronto. Ou é saciada ardentemente, ou vai ficar sendo enganada, enganada...
E nunca vai desaparecer, vai permanecer lá, até que... É.

E aí, você tá com fome? Ou é só vontade de comer?

Em?

Ou é só vontade de comer?

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

se por acaso te ocorre da felicidade... fique sabendo que

felicidade muita
pouco existe.
mas se tens,
(não te acanha, cabra)
pega a tua, não desiste
vai à rua, persiste
abre o cartaz
estica os braços
e mostra!

mostra pra todos
que pouca não é,
é muita
felicidade muita!
"A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas... tem de ser...
Amor?... - chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa."
Chama e fumo, por Manuel Bandeira.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Do bom, de bem.

Teus gestos, meus afagos. O sorriso meia-boca no canto do rosto.
As imperfeições delineadas da tua barba. E teus braços, e minhas mãos.

Meu canto, tuas palavras. O som do violão.
O sol ao fundo. E o barulho do mar.

E não me olha assim. Teu olhar me grava e meu olhar me entrega - traduz tudo que eu quero dizer numa fração de tempo.

É que um gesto, uma palavra, ou um olhar é o suficiente pra mudar nossas rotinas.

"Você não vai se perder
Eu vou lhe achar.
"
Seu Lugar, por 3 Na Massa.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Amarelo manga.

Daqui de baixo, junto à minha insignificia,
percebo quão alto é teu ego,
E teu cartão de visitas é teu jeito milimetricamente descontraído
- que é compassadamente ensaiado
arduamente e árduo.

Tua camisa amarela desbotada e tua bermuda quase apertada
são o prato principal
- do qual se orgulha em dizer o chef
que aprendeu com o tempo,
"ah, frutos do tempo".

Junto à minha insignificância, daqui de baixo
vejo teu ego lá no alto
teus trejeitos milimetrados
arduamente ensaiado, e ensaiado.


Tudo vestido na tua camisa amarelo manga.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Engula, não cuspa.

(Um gole para ajudar a descer...)

Cada som que sai da sua boca é como uma bala,  uma faca atirada direta e certeira - que fere como seta, flecha, bem ao alvo.

Mas incrivelmente, absurdamente, junto a todos os "mentes" e "entes" - apesar deles - tudo acontece tão naturalmente pra você.

- Dane-se,
foda-se,
tô me lixando,
vai pra puta que pariu,
vai se lascar,
vai pra merda,
(...).

Vai ser normal se você sentir indigestão e quiser vomitar.
Mas, ainda assim, cada palavra que você cospe,
engula.

E aceite este copo d'água inteiro, por favor.

"Eu já cai, já tô no chão.
E tô torcendo pra você ficar na merda.
Como eu também estou nessa merda,
Então porque não ficar aqui?
E se você estiver na água,
E não souber nadar,
Eu vou te jogar uma pedra
Pra você segurar...
Pra você ficar ciente de aonde é seu lugar.
"
Merda, por Mombojó.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Eu só sou.

eu não sou muita coisa,
não sou muitos seres,
não sou muitas cores,
mas eu sou?

eu sou pedra no seu sapato,
sou dinheiro perdido achado no bolso da calça velha,
eu sou o mosquito zumbizando no seu ouvido
- sem deixar você dormir!
eu sou?

eu sou picada de muriçoca em baixo do seu pé,
eu sou a nuvem tapando a lua que você quer tanto ver, (rá!)
eu sou.

sou o gole amargo do seu café sem açúcar,
sou sua manhã chata de segunda feira,
eu sou.

eu sou só de uma cor,
uma coisa só,
um ser só,
eu sou só eu!

sábado, 24 de julho de 2010

Quando eu encontrei meu primeiro fio de cabelo branco

Meu cabelo [
representa minha postura ante o capitalismo
- da raiz às pontas.

representa minha visão política
- centro-esquerda, com alguns fios rebeldes.

representa meu modo de encarar a dor
- enganando, disfarçando, abafando, reprimindo.

] E meu cabelo é contido, é controlado. Ele não tem liberdade de expressão, força de voto, consciência ambiental, nem é vegetariano.

Meu cabelo vê TV todos os dias, se comove com os sensacionalismos criador por ela; ele gosta de assistir novela, e "às oito" bate o ponto frente à tela.

Meu cabelo tem altas taxas de glicose, colesterol. Ele se alimenta de fast-food todos os dias.

E não é cult, nem alternativo, nem regueiro; ele foi tomado pela nova onda e é popeiro, gagueiro, nxzeiro.

Meu cabelo não critica ou segue a modinha dos contra-modinha. Ele simplesmente segue, sobrevive e existe - dia após dia.
(...)

E quando eu vi o meu primeiro fio de cabelo branco, percebi:  enfraquecimento e envelhecimento de tudo aquilo que ele um dia representou - ou desejou representar. Mas não o desaparecimento dos desejos. Afinal, ele - o fio - continua lá.

"Nem toda arte é um dom. Nem todo voto é secreto. 
Nem todo amigo é discreto. Nem todo batuque é samba."
Música: Vagabundo, por Ney Matogrosso e Pedro Luís e a Parede
Letra: Antonio Saraiva

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Devastadora,

Com ar pesado
que acinzenta os dias,

face atormentada,
cheiro carregado.

Minha voz é de tom alto
e eu falo pra você ouvir.
Tom grave que vibra
pra estremecer as paredes.

Lavo as ruas da cidade.
Forte, arrasto tudo:
o lixo, a areia, a verdade.

Quando venho, venho com tudo
e faço estrago.
Eu sou chuva
e meu nome é Tenebrosa.

"Se eu pudesse parar os elementos. 
Se eu pudesse trazer paz ao mau tempo.
Mas eu não posso, não devo,
não quero. Tempestade."
Tempestade (A dança do trovão), por Cordel do Fogo Encantado.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

quero fim de tarde

quero ver o pôr do
sol amarelo sobre o verde
escuro da água, pelos teus
olhos vermelhos pelo fogo
do fim
da tarde

quero o bom tempo
e o tempo quer tempo pra gente
e a gente quer ter tempo
pro vento bater na gente
e nos levar pelo tempo que for necessário.

quero hora depois das horas
faço hora na minha sala
dou preguiça à tua vontade
de ir embora por obrigação

quero tempo para um pôr de sol
amarelo sob o verde
dos coqueiros;
vermelhos pelo fogo
do fim da tarde.

"And now, outside, I see your eyes meet the sky.
And now, I won't mind what you decide to swear by."
My night with the Prostitute from Marseille, by Beirut.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Declamação. (ou Para Ser Plantado)

Plantar ideias
- arar as pretensões.
E colher o sentido
reresentado por elas.

Vislumbrar o tempo,
contemplar os frutos do tempo.
Degustar o sabor dos frutos do tempo
e atirar ao tempo o bagaço da pretensão.

Plantar esperança,
arar as sementes da esperança.
Esperar a chuva chegar para regar a esperança.
Pra que se colha a concretização.

À raso, à seco, à fundo:
pra que se colham
concretização,
frutos do tempo
sentidos.


- Plantar, colher... Não, eu digo: plantar, arar, esperar a chuva regar, e colher. Plantar, plantar. Mania estranha essa que a gente do sertão tem de querer estar sempre plantando e torcendo pra uma chuva chegar e regar aquilo que a gente quer - pra poder colher. Mas será possível?

"Quando o vento bate forte
que aspira o ar castigado,
estremece o pulmão da seca:
TEMPESTADE!"
Tempestade (A dança do trovão), por Cordel do Fogo Encantado

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Montagem.

remontando ideias
afinando sentimentos
tramando alegrias
confabulando fatos
- recriar histórias
e produzir estados
flutuantes em ti.

afinando fatos
flutuando sentimentos
produzindo historias
remontando alegrias.
- recriar estados
e confabular ideias
produzidas em mim.

afinar histórias
flutuar ideias
confabular sentimentos;
recriando alegrias
e tramando os fatos.

- produzindo as ideias e
remontando os estados
da gente.

- É permitido pensar fora da caixa?
- Entre a gente, é.

"Conforto alucinante, 
tranquilidade na clareira do caos.
O ponteiro? Ele rodou mais rápido no mesmo relógio de ontem.
O que as horas guardam nos espaços do contra-tempo?"
Meu mundo, por Otto e Lirinha.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Naive

não é mera coincidência ter
um ponto de vista e só
querer mostrá-lo agora que
o sol está nascendo.

como você reagiria numa 
situação como a minha onde
não se pode ouvir o
canto de nenhum dos pássaros? - eles não cantam mais.

é uma pena que meu pulso seja fraco e
ninguém se machuque com os meus socos.
é ruim parecer assim, fraca?
isso é fraqueza?

(...)
não é mera conveniência mostrar o seu
ponto de vista - somente agora.
seja esperta, mulher
já que essa cara de raiva não serve na sua cara:

Mereça-se!

"If only I don't bend and break.
I'll meet you on the other side."
Bend and Break, by Keane.
* título: da música Naive, por The Kooks.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Sobre linhas.

"É tudo uma questão de linhas. É preciso ter limites entre você e o resto do mundo. Pessoas são complicadas demais: é tudo uma questão de linhas. 

Você risca linhas na areia e depois reza para que ninguém as atravesse... Mas a certa altura você tem que tomar uma decisão. Afinal, limites não mantém os outros fora. Eles te prendem dentro. É, a vida é confusa: é assim que somos feitos.

(...)Portanto, você pode desperdiçar sua vida toda traçando linhas ou então viver sua vida atravessando-as. Contudo, existem certas linhas que são perigosas demais para se cruzar. 

Enfim, aqui está o que começo a entender: se eu estiver disposta a arriscar, soube que a vista do outro lado é espetacular!"
- Adaptado da série Grey's Anatomy -

segunda-feira, 29 de março de 2010

Gosto do meu gosto

das brisas, gosto das de verão
dos perfumes, os mais fortes
das frutas, as cítricas

gosto das paredes coloridas
das tonalidades, as quentes
dos tetos, os brancos
do piso, os limpos

Ah, gosto mesmo é do cheiro de água no mato.

e das flores, as vermelhas
das paixões, as intensas
dos abraços, os apertados

Cores quentes.
Vontade.
Rosas Vermelhas e abraços apertados.
Intensidade.

E também aquele cheiro... Está tão junto da chuva que sempre acho que é a própria chuva.

“Não entendo.
Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
(...)
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco.
Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.”
Clarice Lispector

 "Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado.
(...)
Quero antes o lirismo dos loucos,
O lirismo dos bêbados.
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
." 
Manuel Bandeira

terça-feira, 23 de março de 2010

- Negativando. - É?

- Não mostro,
choro,
ouso,
olho,
ou demonstro?

- Não grito,
abafo.
Não berro,
escondo.
Não tento,
eu fujo? Eu deveria fugir?

- Não tento...
- eu quero!
- Não mando...
- eu peço!
- Não digo...
- eu calo!

- Não escondo, não fujo, não peço, não calo: eu sufoco - mas não devia.

E a única coisa que está soluçando é a minha imaginação. 

"É como um elegante livro encadernado,
mas em uma língua
que você não pode ler - ainda."
I will possess your heart, by Death Cab For Cutie.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Vocábulo (s)

uma palavra
forte
basta
uma palavra?

só a palavra
certa, certeira
direta
seta

uma palavra
de exatidão elástica
que se imponha sem dor,
ou quase.

"So little time, try to understand that
I'm trying to make a move, just to stay in the game.
I try to stay awake and remember my name,
But everybody's changing and I don't feel the same."
Everybodys's changing, by Keane

terça-feira, 16 de março de 2010

[repost] Green grass.

Postado originalmente em 18 de novembro de 2009, às 20:26.
"Apoie sua cabeça onde meu coração costumava estar.
Segure a terra abaixo de mim.
Deite na grama verde e
lembre-se de quando você me amava.

Chegue mais perto, não seja tímido.
Fique debaixo de um céu chuvoso.
A lua está no alto.
Pense em mim conforme o trem passa.

(...)

Não me diga adeus,
Descreva o céu para mim.
E se o céu cair:
Marque minhas palavras."

Green Grass, by Tom Waits.

segunda-feira, 8 de março de 2010

kaleidoscope eyes

janelas da alma,
portas de um coração muito feliz,
que, confesso, às vezes fraqueja um pouco
e anda cambaleando por aí.

mas são felizes,
são brilhantes,
de ameixa.
os meus olhos.

Afinal, eu nunca perguntei se poderia 
haver um novo fim. 
Todo fim é novo; 
até porque, não chegamos lá
- ainda.


"É difícil discutir quando
você não pára de pensar com a razão."
Hands open, by Snow Patrol.



quarta-feira, 3 de março de 2010

[Das cartas] Francesa.

Clermont, 28 de setembro de 1937

Já é difícil a vida nessa cidade. E ter que me limitar a esta casa. É pedir demais, meu bem. Eu que já estive em tantos lugares, em tantos lares, em bares. 

Lembro quando vivi em Marseille, onde eu ia à noite, tentar ganhar a vida naquelas esquinas. Lá, a vida não era ruim; era mais satisfatória que essa. Conheci Pierre, e ele me indicou onde ir. Foi então num fatídico dia, numa esquina remota do Cours Julien que um carro escuro, grande, com o farol "muito alto", me abordou.

(...)

É por isso que saio desta "casa de socialização". Não posso dizer pra onde vou - se ao menos eu soubesse de onde vim, vocês teriam por onde começar a procurar. Vou tentar a vida, já que não consegui ganhá-la na última tentativa.

Quem sabe eu não me encontro, num lugar- que não esquinas- dessa vida.

Adeus,
Danielle.


                       "E se você tiver um minuto... Por que nós não vamos

falar sobre isso num lugar que só nós conhecemos?
  Isso poderia ser o final de tudo.
  Então por que nós não vamos

para algum lugar que só nós conhecemos?"






Somewhere only we know
by Keane

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

De dentro.

E de uma coisa eu tenho orgulho. Da alma, do sangue. E da força - que, pelo que me dizem, o sertão me deu.

"O sertanejo é antes de tudo um forte."
Euclides da Cunha

domingo, 21 de fevereiro de 2010

[Das Cartas] Querido Miguel,


Olhe em sua volta. E diga: me diga que você não vê isso.

Naquele dia o sol nasceu pra nós dois e o sopro do mar bagunçou nossos cabelos emaranhados. Você ouviu - junto comigo - dois pássaros passarem sobre nós e cantarem qualquer coisa que nos fez rir.

Não negue, eu sei que você lembra quando ficamos observando as nuvens e tentando entender quais desenhos estavam ali. E o vento quente do pós-meio-dia ainda tentava nos expulsar. Você viu, mais tarde, a tarde indo embora e nos pedindo licença, porque já tinha que acabar.

Abra bem os olhos e diga que não lembra do nosso quando você vê o céu bem estrelado.

Não negue. Por que você não abre bem os olhos? Por que não vê que você é parte de tudo isso?

Puf! Acordei, amanheceu novamente.
 
"Eu que nunca discuti o amor,
Não vejo como me render.
Ah, será que o tempo tem tempo pra amar?
Ou só me quer tão só?
 E então se tudo passa em branco eu vou pesar
A cor da minha angústia e, no olhar,
Saber que o tempo vai ter que esperar..."
"O Tempo", por Móveis Coloniais de Acaju.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

[das Cartas] Nada com nada.

Agora só
             falta você aqui
dentro
                          de mim.


Caiu,

foi de encontro às pedras,

requebrou no mar.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

É de fazer chorar...

"É de fazer chorar quando o dia amanhece 
e obriga o frevo acabar.
Oh! quarta-feira ingrata,
Chega tão depressa
Só pra contrariar...

Quem é de fato um bom pernambucano,
Espera um ano e se mete na brincadeira.
Esquece tudo quando cai no frevo
E, no melhor da festa, 
chega a quarta-feira..."
Luiz Bandeira

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Relógio quebrado.


Não sou fraca, só porque - às vezes - a covardia me pega de sopetão.
Não sou forte, simplesmente porque derrubo paredes vez ou outra.
Sou mesmo assim, qualquer coisa de humana, pulsante 
tum-tum. Tum-tum.

Não pode ser tão ruim quanto parece, pode?
Qualquer coisa de riso, já me faz rir.
Qualquer coisa fácil, pode ter algum prazer pulsante 
tum-tum. Tum-tum.

As piadas não são as mais engraçadas.
E qualquer sabor não é o o que pede meu paladar pulsante 
tum-tum. Tum-tum.

- Quanto tempo falta para sair do qualquer coisa?
- Não sei. Meu relógio está quebrado.
Tum, tum-tu, t.

"Às vezes esses olhos se esquecem da face de onde estão olhando
Quando a face para a qual eles olham...
Bem, você conhece essa face assim como eu."
Jacqueline, by Franz Ferdinand

sábado, 30 de janeiro de 2010

O frevo é bom demais.

- Em clima de festa?
- Não, não, não se engane. São só os eventos carnais dando partida.

(...)
- Você chegou com o coração vazio.
- Já faz um ano, um ano mais ou menos quando  eu comecei "nas festas", com o coração vazio. O corpo? Ah, o corpo foi preenchido de diversas emoções e por diversas vezes...

(...)

- Mas, acabaram as festas e eu ainda tinha aquilo vazio. Mas, espere... O que aconteceu?
- Não se preocupe, foram só os eventos carnais partindo.

3, 2, 1... é carnaval!


["Repostando..."] Eu, aos 70.

Original de:  9 de outubro de 2009, às 9:29.

Então, quando eu estiver cansada e não tiver mais o que falar,
simplesmente apareça.
Venha tomar aquele velho chá da tarde,
pode ser naquela horinha
em que dia e noite se confundem.

Vamos conversar sobre aquelas besteiras que só nós concordamos,
daqueles textos que só você aguentava ler,
daquelas ruas, daqueles bares.
Lembra quando era divertido quando tentávamos fugir daquelas velhas obrigações inevitáveis?

Oh, meu querido. Quantos erros deixamos de cometer.
Foi um erro, pode acreditar.
E ainda lembro daquele 'café'
que nós costumávamos ir às terças-feiras.
Naquela mesma horinha,
em que dia e noite se confundem.

-
De onde diabos me veio inspiração pra esse texto pseudonostálgico? Vai entender, IUAhoiuhAOIuha...





"And, why don't I?
I could end that sigh.
And I wanted to write.
And fall to the a nigth..."
East Harlem, by Beirut.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Convite à escalada.


Eu gostaria de ir para o topo da montanha. Você quer conhecer o topo da minha-montanha-favorita? Eu nunca chamo ninguém para ir até lá. Na verdade, eu nunca chamei. Pode até ser que alguns tenham tentado chegar lá, sem a minha autorização! Porém eu nunca convidei ninguém antes - de verdade.

Mas, espere, não é isso. Eu não estou dizendo que todos querem chegar lá. É somente que, lá é um lugar muito especial e... Eu passo muito tempo guardando meu tempo por lá. Só que eu acho que ele está acabando, esvaindo-se.

Todas às vezes que eu paro para visitar o topo da minha-montanha-favorita, sinto que tenho menos tempo, menos tempo... E quanto mais demoro a convidar alguém para ir até lá, mais todos se afastam dela, e mais alto o topo se torna. Às vezes... É tão difícil chegar lá, sabe? Imagina só o convite: "E aí, o que você acha de subir alguns quilômetros até o topo daquela montanha ali? Ela não é tão bonita, mas é minha favorita." Não é tão empolgante.

Eu gostaria de poder chegar, agora, ao topo da minha montanha favorita. Você gostaria de conhecer o topo da minha-montanha-favorita? Eu nunca chamo ninguém para ir até lá. Na verdade, eu nunca chamei. Mas você pode vir, se quiser - de verdade.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Canto.


Eu já cantei Bossa.
Fiz blues com caixas de fósforo.
Dancei forró no 'pé-da-serra'.
Já fiz Rock com 'Voz e Palmas'.

Já cantei Bossa -outra vez, mais.
Cantei Blues, cantei Rock, cantei nada, cantei tudo.

Só nunca te cantei.
Ah, isso eu num canto não.