domingo, 28 de agosto de 2011

segunda-feira, 11 de abril de 2011

ama(m)

uns amam seus espelhos
  (idolatram, babam, dormem e acordam pensando neles)

uns amam seus computadores
  (passam o dia neles, idolatram, babam, dormem e acordam pensando neles)

uns amam seus celulares
  (sempre na mão, sempre no bolso, sempre no coração, sempre no "o que seria de mim sem ele? eu não seria a mesma pessoa")

uns amam seus filmes
  ("sem internet eu passo, mas sem meus filmes? de jeito nenhum")

uns amam seu dinheiro
  ("ah, toda vez que eu lembro que te tenho, fico mais aliviado, mais feliz. eu te amo")

uns amam seu time de futebol
  (defendem com todo fervor, afinal seu time nunca errou, nunca os decepcionou, não mente, não briga, não é sentimental, como não amar?)

uns fingem que amam, mas não amam.
outros amam com tudo, mas não admitem.
outros simplesmente não amam.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

faces

Hoje pintei meu rosto com água de chuva. Não ficou nenhuma expressão marcada. 

Tentei com  asfalto, marcar expressões duras - eu estive todo este tempo procurando algo sólido, que pudesse deixar talhado em meu rosto as verdades.  Não funcionou. 

Viajei, e tentei com um barro de uma serra de lá de dentro, do interior - que era pra ver se minha cara transparecia os sentimentos do sertão. Não deu certo.

Fui ao banheiro e lavei bem meu rosto, e aí entendi que não sou eu quem marco as expressões: o barro, o asfalto, a água da chuva - são eles que brincam e que marcam. Não sou eu quem faço as minhas expressões, são elas que me fazem.

"Então inspire-se na ousadia e afaste a monotonia da sua semana."
Antimonotonia, por Mombojó.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

[dos Poemas] às caídas desconexas

o desequilíbrio,
o passo em falso. ou a vontade de vir.
veio o passo em falso.

o destino é o chão. 
no chão. 
na gélida cerâmica branca.
 
a aceitação.
a distância diminuindo
entre seu rosto e o piso
e a queda é aceita

começou em cima,
terminou em baixo.
a menina desabou 
de cima abaixo.
(coitada)

"E uma queda sua
É um longo caminho a se percorrer"
Cherbourg, Beirut.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sentimentos da Rameira

[Ei, ei seu filho da puta
Seu saco de merda! Escuta, escuta aqui, seu bosta.
Tá me vendo bem? Tá?
Tá me sentindo? Toca aqui na minha pele.
Tá vendo que ela é de verdade?

Ei, caralho, eu tô falando sério. Vem aqui.
Agora cala a boca.
E escuta, escuta direitinho!
Ei, seu cuzão, escuta!]

Tem um coração aqui, que faz TUM, e depois TUM.
TUM, e depois TUM.
TUM-TUM TUM,
TUM,
TUM.

Você percebe que ele bate? Percebe? Você sabe que em cada batida, em cada pedaço de segundo, ele aprendeu a guardar mais e mais de você?

[É. O amor é importante, porra!]

"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem..."
Guimarães Rosa