sábado, 24 de julho de 2010

Quando eu encontrei meu primeiro fio de cabelo branco

Meu cabelo [
representa minha postura ante o capitalismo
- da raiz às pontas.

representa minha visão política
- centro-esquerda, com alguns fios rebeldes.

representa meu modo de encarar a dor
- enganando, disfarçando, abafando, reprimindo.

] E meu cabelo é contido, é controlado. Ele não tem liberdade de expressão, força de voto, consciência ambiental, nem é vegetariano.

Meu cabelo vê TV todos os dias, se comove com os sensacionalismos criador por ela; ele gosta de assistir novela, e "às oito" bate o ponto frente à tela.

Meu cabelo tem altas taxas de glicose, colesterol. Ele se alimenta de fast-food todos os dias.

E não é cult, nem alternativo, nem regueiro; ele foi tomado pela nova onda e é popeiro, gagueiro, nxzeiro.

Meu cabelo não critica ou segue a modinha dos contra-modinha. Ele simplesmente segue, sobrevive e existe - dia após dia.
(...)

E quando eu vi o meu primeiro fio de cabelo branco, percebi:  enfraquecimento e envelhecimento de tudo aquilo que ele um dia representou - ou desejou representar. Mas não o desaparecimento dos desejos. Afinal, ele - o fio - continua lá.

"Nem toda arte é um dom. Nem todo voto é secreto. 
Nem todo amigo é discreto. Nem todo batuque é samba."
Música: Vagabundo, por Ney Matogrosso e Pedro Luís e a Parede
Letra: Antonio Saraiva

2 comentários:

  1. Não sei se pude compreender o quão profundo tentou se expressar... Talvez seja apenas imaginação minha, exagero... Mas vejo que você, de certa maneira, foi atingida pelo "Até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo / Quem roubou nossa coragem?".

    E como diziam as más línguas: "Os cabelos somos nozes".

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  2. achei esse mto mto mto bonito... o cabelo, assim como a dona dele, é vivo, pulsa e respira...

    *q venha os próximos fios... q venha a vida..

    besos.

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