quarta-feira, 3 de março de 2010

[Das cartas] Francesa.

Clermont, 28 de setembro de 1937

Já é difícil a vida nessa cidade. E ter que me limitar a esta casa. É pedir demais, meu bem. Eu que já estive em tantos lugares, em tantos lares, em bares. 

Lembro quando vivi em Marseille, onde eu ia à noite, tentar ganhar a vida naquelas esquinas. Lá, a vida não era ruim; era mais satisfatória que essa. Conheci Pierre, e ele me indicou onde ir. Foi então num fatídico dia, numa esquina remota do Cours Julien que um carro escuro, grande, com o farol "muito alto", me abordou.

(...)

É por isso que saio desta "casa de socialização". Não posso dizer pra onde vou - se ao menos eu soubesse de onde vim, vocês teriam por onde começar a procurar. Vou tentar a vida, já que não consegui ganhá-la na última tentativa.

Quem sabe eu não me encontro, num lugar- que não esquinas- dessa vida.

Adeus,
Danielle.


                       "E se você tiver um minuto... Por que nós não vamos

falar sobre isso num lugar que só nós conhecemos?
  Isso poderia ser o final de tudo.
  Então por que nós não vamos

para algum lugar que só nós conhecemos?"






Somewhere only we know
by Keane

2 comentários:

  1. Eu ganho a vida; ela me ganha; quando o troféu é a morte. rs


    [Como você sempre indica uma música que tenho aqui no pc mas nunca ouvi e sempre gostei?]

    ResponderExcluir
  2. Essas cartas são tão massas, Vanessa, se soubesse quanto... Parece que ativa algo dentro de mim, uma sensação de volta no tempo. Sinistro... e confortável.

    ResponderExcluir

Que achou? Opine!