sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Gosto do meu gosto (ou A vida colorida).

Das brisas, gosto das de verão.
Dos perfumes, os mais fortes.
Das frutas, as cítricas.

Gosto das paredes coloridas.
Das tonalidades, as quentes.
Dos tetos, os brancos.
Do piso, os limpos.

Ah, gosto mesmo é do cheiro de primavera.
E das flores, as vermelhas.
Das paixões, as intensas.
Dos abraços, os apertados.

Então quero um verão dos mais fortes. com cores quentes.
Praias limpas e areias brancas.
Rosas vermelhas e abraços apertados.

E dos amores, gosto dos verdadeiros, sinceros.


“Suponho que me entender não é uma questão de inteligência
e sim de sentir, de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca.”
-
"Gosto dos venenos mais lentos.
Das bebidas mais fortes.
Das drogas mais poderosas.
Dos cafés mais amargos.
(...)
E os delírios mais loucos."
C. Lispector

Caiu. (ou Desabafo)



O céu desaba sobre mim e permaneço da mesma maneira: fria e calculista.
Reações avessas às esperadas.


¡!¡


Respirando.
Pirando
Pira?
Pi.
¡P!
Sendo sufocada milimetricamente.


“Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever.”
Clarice Lispector


terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Ser [humaníssima!]

Eu tenho medo do infinito
E infinito é não ter fronteiras,
não ter limites.

E eu tenho medo de ser infinita.
Se assim o for, não conhecerei minhas fronteiras.
Tampouco meus limites.
E então amarei, chorarei, brigarei, implicarei: tudo sem limites,
tudo sem um fim.

Não, não. Ao ser infinita, nem meus pensamentos terão um ponto final.
Isso pode ser danoso.

Então prefiro conhecer meus limites.
Reconhecendo-os, me dou por aliviada.
É meu caro, não ter noção do fim - ou pelo menos da proximidade dele - assusta.
Quero mesmo é ter essa eterna 'finitude' - e plenitude.
E ponto.

P.S. Medo mesmo? A verdade é que eu tenho medo de sapo, rã, barata, rato...

"Não se apegue aos seus medos.
Conheça-os, domine-os e enfrente-os com coragem. Mas não se preocupe.
Ter medo não é sinônimo de covardia, e sim de humanidade."
Vanessa Gomes
-
"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso.
Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."
Clarice Lispector

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

'Cá' (rência).

Preciso de um enredo para não ser arremedo
de gente.
Indigente.

E de uma chave para abrir a nave
da incongruência,
da insolência.

Preciso também de um abrigo para fugir do perigo
da obediência.
E subserviência.

Com o enredo, a chave e o abrigo,
completo com um amigo.

Que vou buscar nem que seja na outra ponta do mar.
Sem amigo não adianta
Enredo, chave ou abrigo.


"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido.
Eu não: quero uma verdade inventada."
Clarice Lispector

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

De dentro [para fora].



Sempre que ouço tua voz, até meu coração dispara numa arritmia incomum.
Minha respiração torna-se descompassada, desajeitada... Veloz!

É que quando estou contigo parece que o mundo pára, e só existe aquele momento e aquela certeza de que fomos feitos um para o outro.

É. Quando estou na tua presença, até os nossos olhares se confundem em um só olhar. Há uma forte atração mesclada com um sentimento de grande nobreza. Sim, digno de nobreza sim! Só pode ser nobre, não há como haver o contrário. Tão puro. Tão simples e complexo ao mesmo tempo... Tão sincero... Sentimento tão cheio de veredas que me levam ao mesmo ponto...

P.S. Só estive inspirada e não aquilo que com certeza passou pela sua mente. Coração só, aberto, livre e sem impedimentos. Os grilhões já foram jogados há muito tempo. Muito tempo...


“Não entendo.
Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
(...)
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco.
Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.”
Clarice Lispector

domingo, 18 de janeiro de 2009

Romã[nesca]



Creio que este tipo de discurso esteja até fora de moda. Pode ser que eu seja antiquada, conservadora até.

Pois é. Aprecio aqueles tempos em que se enviavam bilhetes (hoje em dia SMS) com lindas mensagens. Flores, cartas. Aqueles tempos onde um encontro era líndissimo e importante.

Sou daquelas que apreciam o pôr-do-sol, a praia, a lua, uma boa conversa com os amigos... Perdoem-me.
Chamem-me de brega, careta, ou cafona.
Acontece que faço parte do mundo dos românticos.


“Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava.
Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente.
Porque eu - só por ter tido carinho - pensei que amar era fácil.”
Clarice Lispector

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

"Estado de quem está só."

Minha solidão não é vazia,
não é de estar só.
Minha solidão é de afirmação,
de compromisso.
E também de inquietação e agonia.

Minha solidão tem raízes
e energia.
Minha solidão tem flores
e espinhos.

Minha solidão aos poucos acaricia
minhas angustias e minhas tensões.
Minha solidão é fruto
das minhas emoções.

“Sei que você me entendeu.
Sei também que não vai se importar.
Se meu mundo caiu,
eu que aprenda a levantar.”
Maysa

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

"Toda energia capaz de produzir um efeito".

Minha força não é bruta!
Mas fria.
Calculada.
Medida.
Pesada.
Forte.
E ao mesmo tempo leve.
Suave.
Preguiçosa.
Longo pavio que, entretanto, se acionado...
Ai! Não acendas o pavio! Ele é longo porque guarda um grande explosivo.
Perigoso.

Ah, minha força não é bruta...
É fina.
Requintada.
Delicada, mas se provocada...
Cruel.
Impiedosa.

É, minha força não é bruta.
Por este motivo não te preocupes, não te apavores. Esta força sequer merece essas angústias que possas vir a sentir.
Ela geralmente é usada pelos motivos que a maioria usa.
É como um ser humano independente, pacato.
É geralmente boa. Tranqüila. Mas como todo ser vivo, tem seus instintos.

Portanto, cuidado. Todos têm força.


"Minha força está na solidão.
Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas,
pois eu também sou o escuro da noite."
Clarice Lispector

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

[indis] Pensável.

Tudo bem. Eu não queria mesmo um alguém para compartilhar minhas angústias, minhas tensões, meus sofrimentos, minhas ilusões (?). Quando a calçada está limpa, nem sempre significa que não há destroços em casa. O buraco às vezes é bem mais embaixo.

Há momentos em que sofremos com o calor somente porque não conseguimos abrir a janela - que por sinal estava emperrada -, e não havia ninguém para nos socorrer.

Então, já que as necessidades não são supridas, fecharei o cerco. Bastará a existência de pensamentos a serem escritos, assim suportarei. E quando estes – também! – se forem... Ah, quando estes se forem, já nem o que será... O que será... O que será?
"Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados (...)"
Manuel Bandeira

domingo, 4 de janeiro de 2009

[bi] "Faca-amolada"

Toda boa e digna amizade deve ser como uma boa faca (amolada) de dois gumes. Aquela que corta dos dois lados. Às vezes um lado corta mais que o outro, um lado está mais amolado que o outro. Mas os dois cortam.
De que adianta vangloriar-se por ser possuidor de uma bela ‘faca-amolada-de-dois-gumes’, se um dos lados não corta, está com defeito, é indispensável, indiferente? Aquele que deseja ser o dono de uma ‘faca-amolada-de-dois-gumes’ há de saber que deve zelar pela mesma. Amolá-la, sempre que necessário. Ter cuidado. Afinal, uma faca dessas é de valor inestimável.
Mesmo que vez ou outra encontremos dessas “faquinhas” por um preço muito acessível. Por outras vezes, encontramos àquelas promoções do tipo "Pague 1, leve2 !". Ah, ainda assim, mesmo com todas as facilidades que temos de encontrá-las, elas possuem seu valor.
Ao menos para mim, é assim.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Sussurros de um ex-coração aflito.

Palavras que me perseguem, sorrisos que me desafiam, olhares que me encaram. Choros e gritos, lágrimas e suspiros que me buscam na escuridão de uma madrugada infinita.

Madrugada que invadiu o meu mundo. Uniu-se com trevas que se apossaram das minhas esperanças. E tudo se mergulhou nessa infinita perplexidade.

Então, eu, dentro deste meu plano complexo, escalei aclives obscuros, procurei pelas chamas da persistência. Caí, não desisti. Assim como aquelas palavras que me perseguiram, eu persegui novamente a esperança.

Sim, foram duras quedas, porém ao chegar ao topo, pude olhar para baixo e dizer: "Agora retorno à Terra, saio deste 'meu-mundo' particular."

Vanessa Gomes

[re]Tomando.

2009 chegou com tudo! Depois de um ano sem publicar nada decidi voltar. Aos meus antigos leitores, aqui estou eu para infernizá-los vezes mais.

Aos novos, sintam-se em casa.

Inté!