[Das cartas] "Adeus."
Madrid, 27 de março de 1995.
Olá, querido.
Podes perceber que eu não estou ao teu lado esta manhã; em contrapartida, deixo minha voz, aqui, para que possas saber o motivo de minha ausência.
Não te assustes, estou apenas adiantando todo esse processo e tentando suprimir algum sofrimento que possa ocorrer. Banha-te, veste tua roupa e desce. Tua mala já está ao lado da escada, podes ir embora.
É verdade, é fato. Não adianta mais insistirmos e tentar encontrar algum fio de amor perdido na nossa casa. Eu até já procurei; na cozinha, lembrando dos nossos divertidos almoços; na sala, recordando dos nossos filmes, das noites em volta dos nossos livros, ou da tua viola. Procurei na nossa varanda, olhando para a cidade e lembrando das nossas caminhadas, nossas aventuras joviais, de como nós nos pertencíamos. No nosso quarto, pensando nas noites e dias em que estive ao teu lado.
Contudo, tudo que encontrei, e tudo que restou, foram as discussões na cozinha, as noites escuras na sala e a cidade: parada, sombria, só - nós já não nos pertencemos. No nosso quarto só estava eu; e eu já não sabia - já não sei - onde você estava.
Juro, procurei por um único fio de amor, mas parece que eles foram varridos pelo vento, e não sobrou nenhum.
Fui fazer umas compras. Espero que me entendas. Pega tua mala, ao lado das escadas, e parte para um lugar melhor. Onde possas, finalmente, encontrar alguém melhor que eu.
Com carinho, adeus,
Lucía.
"E tudo leva à queda.
Que mundo silencioso ao final.
Das coisas que você supôs, virá...
Que momento isso foi, afinal?"
Tradução: La llorona, by Beirut.
Porra, deixe-me procurar palavras pra expressar o quão espetacular foi esse texto.
ResponderExcluir[…]
Ahhh--
Não sei. Não mesmo. Lindo em sua simplicidade. O pé-na-bunda mais saboroso que meus olhos jamais comeram.
Estupendo! Que jeito mais gracioso de se escrever. Fiquei embevecido--
Desculpe, sem palavras. (!!!)
Sua criatividade é asssustadoramentre maluca e incrivelmente viciante
ResponderExcluirOi Linda, Gostei de etr te encontrado. prazer viu..
ResponderExcluir"Contudo, tudo que encontrei, e tudo que restou, foram as discussões na cozinha, as noites escuras na sala e a cidade: parada, sombria, só - nós já não nos pertencemos. No nosso quarto só estava eu; e eu já não sabia - já não sei - onde você estava."
ResponderExcluirADOREI essa parte!
Essa tua idéia das cartas, é genial!
fiquei deprimida com o texto e ao mesmo tempo achei do caralho essa tal coragem
ResponderExcluirô Vanessa,
ResponderExcluirseus textos como sempre daquela maneira,quando quando a gente termina suspira e pensa como é por isso isso que é tão bom ler.
Que saudades de você amiga,saiba que sempre penso em ti,e me penso que você deve estar escutando música,escrevendo ou fazendo uns cálculos.Eu sei é um jeito de me ver mais perto de ti.
Um Beiijo ;)