Era mais uma tarde de domingo.
Clara e rotineira.
O céu azul e límpido e as árvores verdes e
pomposas.
Em casa, cheiro de pipoca,
cochilos ao sofá, filmes...
Passar as tardes ali, naquela
mesmice característica das tardes de domingo, era
ótimo.
A tarde poderia durar dias, e eu continuaria feliz.
Feliz porque depois daquela longa tarde de domingo eu poderia caminhar e ver as estrelas.
Sentir o vento passeando pela minha pele.
Incrível como aquelas vésperas de noites estreladas me faziam tão bem. É como se estivesse esperando um velho amigo que estava para chegar.
A noite.
Sempre simpatizamos. Sempre fomos
cúmplices.
Ah, à noite, as estrelas.
Tanto me ouviram.
Tanto me sentiram.
Quando me viram?
"Minha força está na solidão.
Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas,
pois eu também sou o escuro da noite."
Clarice Lispector