terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

faces

Hoje pintei meu rosto com água de chuva. Não ficou nenhuma expressão marcada. 

Tentei com  asfalto, marcar expressões duras - eu estive todo este tempo procurando algo sólido, que pudesse deixar talhado em meu rosto as verdades.  Não funcionou. 

Viajei, e tentei com um barro de uma serra de lá de dentro, do interior - que era pra ver se minha cara transparecia os sentimentos do sertão. Não deu certo.

Fui ao banheiro e lavei bem meu rosto, e aí entendi que não sou eu quem marco as expressões: o barro, o asfalto, a água da chuva - são eles que brincam e que marcam. Não sou eu quem faço as minhas expressões, são elas que me fazem.

"Então inspire-se na ousadia e afaste a monotonia da sua semana."
Antimonotonia, por Mombojó.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

[dos Poemas] às caídas desconexas

o desequilíbrio,
o passo em falso. ou a vontade de vir.
veio o passo em falso.

o destino é o chão. 
no chão. 
na gélida cerâmica branca.
 
a aceitação.
a distância diminuindo
entre seu rosto e o piso
e a queda é aceita

começou em cima,
terminou em baixo.
a menina desabou 
de cima abaixo.
(coitada)

"E uma queda sua
É um longo caminho a se percorrer"
Cherbourg, Beirut.