
Não peço nada demais.
Só quero que seja no ponto.
Do ponto.
Naquele jeitinho, ah,
daquele jeitinho.
Bom 2010!
Esta carta não está endereçada a ninguém. Não possui nenhum destinatário. Ela é pra você que a encontrou por aí. É, amigo: nem tudo está como deveria estar. E eu até brincava com as palavras, mas este é um momento muito sério para jogá-las assim, brincando.
No fim das contas, eu deixei esta carta escrita porque, é verdade - eu assumo - eu bem queria que alguém soubesse o porquê dos meus motivos. Mas você me conhece? Alguém me conhece? Ninguém. Então toma esta carta como uma história de uma desconhecida qualquer - o que de fato, é.
A vida estava só por demais, calada, fria... Eu nunca gostei disso, mas as circunstâncias e as minhas atitudes trouxeram-me a este ponto: a dúvida. Morrer ou não morrer é sempre verdade, mas será que eu devia mesmo ter partido? Sim, meu amigo. Na minha opinião, sim.
Ninguém me conhecia, só eu. E eu, por mim, comigo mesma, era pouca gente para um coração tão grande; não é pretensão, e sim realidade. Parece que cabiam todos aqui - mas para mim nunca houve espaço.
(...)
Cara, se você encontrou esta carta, saiba que eu devo ter ido dessa (essa sua aí) para uma melhor. E se não estiver melhor, bem... Com certeza estará diferente.
Abraço,
Elise.
Zurich, 16 de agosto de 1997.
Sinceramente? Eu espero não me apaixonar por você. Porque me apaixonar, sempre - e indubitavelmente - me deixa triste.
Eu tomei um bom gole de cerveja, e comecei a reparar que você anda mudado. Não, não. Mais um gole e eu vi que quem está mudando sou eu. Não sei porque: mais uma garrafa e eu já estava achando-o diferente. Joguei a garrafa ao lado, por fim.
A música a tocar e eu dizia: "o que realmente nos mantém vivos? Porque sair e rir, e divertir, e rir, e sumir... Falar, conversar, gritar, suspirar, falar... e rir, sumir... É sempre muito bom - e tudo com você foi sempre muito bom.
(...)
Mas, ser assim um elo de ligação entre as personalidades nem sempre é tão "rentável"; você sempre acaba ficando só, no fim das contas. E você acaba se acostumando - oh, merda."
Joguei a outra garrafa ao lado, enfim. Despedi-me da amiga que ouvia. Sinceramente? Eu espero não querer me apaixonar por você. Porque me apaixonar, sempre - e indubitavelmente - me deixa triste.
Francamente,
Lucy.
"Do me a favour, and tell me to go away
Do me a favour, and stop asking questions"
Do me a favour, by Arctic Monkeys.
Bordeaux, 24 de novembro de 1999.
Bom dia, Mãe.
Não sei se você já pôde conferir, mas o meu guarda-roupas tem alguns itens a menos. Estou indo. Não podia deixar, contudo, de dizer 'adeus'. Quero que saiba que você sempre foi uma grande conselheira; todo esse tempo eu não poderia ter tido uma mãe melhor. Mas acontece que eu não posso mais decidir somente por mim.
Você não o conhece bem, ele é jovem. É bonito, acredito. Nos conhecemos há 3 meses e... E... Eu não pude, eu não posso evitar esta paixão que agora já tomou conta de tudo. Sabe aquelas horas em que nós não agimos somente por nós? É por isso que parto; temos que encontrar um lugar para viver, não posso ficar longe dele sequer um segundo. Nós, quer dizer... Eu, eu já decidi.
Vamos para Paris, talvez lá eu encontre um bom trabalho. O pai dele me disse que lá nós poderíamos ter boas oportunidades. Mas ele não vêm conosco... Você bem que me dizia que a vida não era fácil.
(...)
Ufa, agora que já desabafei... Mãe, já são 3 meses! Três meses, e eu realmente não posso esconder mais. Já está crescendo. Levei alguns pertences mas uma mala ainda está abaixo da escada - nela estão fotos nossas. Se você aceitar enfrentar essa fase comigo, ao meu lado, como sempre fez em toda a vida, ligue para o telefone anotado em cima da mala. Caso contrário, amanhã estou a caminho de Paris.
Desculpe-me, eu sei que não foi a melhor escolha. Nem a atitude mais sábia. Eu poderia ter me cuidado. Mas agora é tarde. E já não há mais como recorrer.
Au revoir,
Adeline.
"Ninguém disse que era fácil...
É mesmo uma pena nós nos separarmos.
Ninguém disse que era fácil... mas
Ninguém nunca disse que seria tão difícil."
The Scientist, by Coldplay.
"Oh well I don't mind if you don't mind.
'Cause I don't shine if you don't shine.
Before you go... Can you read my mind?"
Read my Mind, by The Killers.
Valleta, 16 de abril de 1978.
Dick?
Ei. Faz tantos anos. Será que você lembrará da minha voz depois de todo esse tempo - mesmo se eu estiver combatendo as lágrimas?
Estou longe, mas não se preocupe - estou regressando ao nosso Soho* no próximo agosto. Dick, por favor, vamos relembrar. Encontre-me para um café, onde nós conversaremos de tudo.
Lembre que aqueles eram os nossos dias de rosas - poesias e prosas. Dick, tudo que eu tinha era você. Não havia dias ruins para nós, pois nosso amor ensolarava até os dias mais chuvosos. E tudo que você tinha era eu.
E as crianças, como estão? Eu soube que você casou. Como está sua esposa? Você sabe que eu casei também? Ah, sorte a sua ter encontrado alguém que o faça se sentir seguro, porque nós éramos tão jovens, estúpidos. Agora não, já somos maduros. Somos?
(...)
Estes dias eu encontrei uma pulseira de fios de cabos elétricos, que você fez para mim naquele novembro. Por isso lembrei de você, de mim, de tudo. Dick, e você era tão impulsivo; e eu acho que continua sendo.
(...)Mas tudo que tinha certeza é que eu me sentia mulher. Tudo que eu tinha era você. E tudo que você tinha era eu.
Com carinho e (muitas) saudades,
Janet.
"É apenas uma memória e aqueles sonhos não eram tão estúpidos quanto pareciam.
Não tão estúpidos quanto pareciam."
Fluorescent Adolescent, by Arctic Monkeys.
Madrid, 27 de março de 1995.
Olá, querido.
Podes perceber que eu não estou ao teu lado esta manhã; em contrapartida, deixo minha voz, aqui, para que possas saber o motivo de minha ausência.
Não te assustes, estou apenas adiantando todo esse processo e tentando suprimir algum sofrimento que possa ocorrer. Banha-te, veste tua roupa e desce. Tua mala já está ao lado da escada, podes ir embora.
É verdade, é fato. Não adianta mais insistirmos e tentar encontrar algum fio de amor perdido na nossa casa. Eu até já procurei; na cozinha, lembrando dos nossos divertidos almoços; na sala, recordando dos nossos filmes, das noites em volta dos nossos livros, ou da tua viola. Procurei na nossa varanda, olhando para a cidade e lembrando das nossas caminhadas, nossas aventuras joviais, de como nós nos pertencíamos. No nosso quarto, pensando nas noites e dias em que estive ao teu lado.
Contudo, tudo que encontrei, e tudo que restou, foram as discussões na cozinha, as noites escuras na sala e a cidade: parada, sombria, só - nós já não nos pertencemos. No nosso quarto só estava eu; e eu já não sabia - já não sei - onde você estava.
Juro, procurei por um único fio de amor, mas parece que eles foram varridos pelo vento, e não sobrou nenhum.
Fui fazer umas compras. Espero que me entendas. Pega tua mala, ao lado das escadas, e parte para um lugar melhor. Onde possas, finalmente, encontrar alguém melhor que eu.
Com carinho, adeus,
Lucía.
"E tudo leva à queda.
Que mundo silencioso ao final.
Das coisas que você supôs, virá...
Que momento isso foi, afinal?"
Tradução: La llorona, by Beirut.
Marseille, 20 de novembro de 1959.
Olá, querido.
(...)
Há muito tempo não nos falamos, isso é verdade. É que nesses tempos fica tão difícil para mim. Você entende que toda essa confusão, e toda essa gente ao nosso redor me fez (e faz) agir dessa forma. Mas não leve a mal, por favor.
Leve em conta os nossos tempos, aqueles dias que vivemos. Você sabe que você me amou. Lembre daquela nossa conversa, naquela rua, naquela noite, naquele botequim. Não esqueça daquele dia, em que você se fez malvado e levou uma parte de mim - com você.
Se um dia você resolver voltar aqui, eu continuo morando na mesma rua, frequentando os mesmos lugares, com quase as mesmas pessoas. Todos os dias almoço no mesmo lugar de todos os dias. E às sextas, eu costumo visitar o Cours Julien - aquelas esquinas alternativas me lembram tanto você.
Então faça o que achar melhor, só não se esqueça que, se disser que vai voltar - não seja malvado, volte mesmo.
Carinhosamente,
Belle.
"When the night takes a deep breath,
And the daylight has no air...
If I crawl, if I come crawling home...
Will you be there?"
In a Little While, by The Killers.
Adendo!
A música que me inspirou para este texto foi "My night with the prostitute from Marseille", de Beirut. Meu texto não é uma tradução. ;)
Letra: http://letras.terra.com.br/beirut/1421996/traducao.html
Música: http://www.youtube.com/watch?v=NSH98aInNec
(O áudio do vídeo não está muito legal, mas foi em Recife =) Eu estava lá!)
"Os sonhos se tornam claros, a névoa se torna mais densa toda vez que eu respiro. As estrelas parecem as mesmas pra mim."
Gold, by Mando Diao
"And some days all we had was our barrels of wine."
Brandenburg, by Beirut.
"The wind in my hair, a flood through my tear..."
Guyamas Sonora, by Beirut.
"They said it changes when the sun goes down"
When the sun gos down, by Arctic Monkeys.
"How much deception can you take?"
MK Ultra, by Muse.
"Carousels twirl all around exited youth.
I do not mind at all.
We're tonight in a world full of thrills it can come carry me up,
far above it all."
Carousels, por Beirut.
"Poxa, Vanessa. Tu 'é' uma música."
Mateus Gondim(apelidos à parte, haha!)
"Era mais um dia.
Um dia de céu azul,
É um dia claro.
Um momento raro pra quem é do asfalto."
O Céu, o Sol e o Mar, Mombojó
"Voltarei tão rápido que você não terá tempo de sentir minha falta. Cuide de meu coração - ele ficou com você. "
Eclipse, Stephenie Meyer
"No entanto, para dizer a verdade, hoje em dia a razão e o amor quase não andam juntos."
William Shakespeare, Sonho de uma noite de verão - Ato III, Cena I.
"O tempo passa. Mesmo quando isso parece impossível.
Mesmo quando cada batida do ponteiro dos segundos dói como o sangue pulsando sob um hematoma.
Passa de modo inconstante,
com guinadas estranhas e calmarias arrastadas,
mas passa.
Até para mim."
New Moon, por Sthephenie Meyer.
"The shattered soul,
Following close but nearly twice as slow.
In my good times
there were always golden rocks to throw."
Postcards from Italy, Beirut.
"Temos que confessar. Estamos apaixonados pelos nossos próprios pecados."
Adaptado, "America's Suitehearts", Fall out boy.
"É, pode ser que a maré não vire.
Pode ser do vento vir contra o cais.
(...)
Sobre estar só, eu sei."
Dois Barcos, Los Hermanos.
"... e eu percebi que me divertia com a solidão, em vez de me sentir solitária."
Crepúsculo
"Eu queria que você fosse um estranho em quem eu pudesse me desprender.
Apenas diga que concordamos, e então nunca mudamos."
Over my head, The fray.
"Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade.
Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém."John Lennon
"Moça, para onde seu amor foi? Eu estava procurando mas não acho em nenhum lugar. Eles sempre oferecem quando há amor por perto. Mas, quando se tem pouco de algo, não há onde encontrar."
No Buses
"Ela quer viver bem mal, vá morar com o diabo que é imortal..."
Riachão
"The times we had
Oh, when the wind would blow with rain and snow
Were not all bad.
We put our feet just where they had, had to go...
Never to go..."
Postcards from Italy, Beirut.
"Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos, eu vou.
Por que não, por que não?
(...)
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou..."
Alegria, alegria, por Caetano Veloso.
Minha força não é bruta!
Mas fria.
Calculada.
Medida.
Pesada.
Forte.
E ao mesmo tempo leve.
Suave.
Preguiçosa:
Longo pavio que, entretanto, se acionado...
Ai! Não acendas o pavio! Ele é longo porque guarda um grande explosivo.
Perigoso.
Ah, minha força não é bruta...
É fina.
Requintada.
Delicada, mas se provocada...
Cruel.
Impiedosa.
É, minha força não é bruta.
Por este motivo não te preocupes, não te apavores.
Esta força sequer merece essas angústias que possas vir a sentir.
Ela geralmente é usada pelos motivos que a maioria usa.
É como um ser humano independente e pacato.
É geralmente boa.
Tranqüila.
Mas como todo ser vivo, tem seus instintos.
Portanto, cuidado. Todos têm força.
"Minha força está na solidão.Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas,pois eu também sou o escuro da noite."Clarice Lispector
"Há uma máquina que nunca escreve cartas.
Há uma garrafa de tinta que nunca bebeu álcool."
João Cabral de Melo Neto.
"Mas, veja bem… humano nenhum vive bem sozinho. Não estou dizendo que precisamos de outras pessoas pra 'dar o pezinho' enquanto subimos num coqueiro e pegamos nossa fonte de nutrição. Digo que ter outra pessoa pra conversar e compartilhar seja lá o que for, desde segredos a idéias, é necessário."
Giuliano Marley, Atestado pedante.
"A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada.
De terminar com ela, também."
Oscar Wilde
"De cores
Em cores
Mergulho
(...)
Amores
Em cores
Me curam
(...)
As cores
Se escondem
Nos olhos."
Binho, Daqui de baixo
♫ Vale a pena ouvir!"Eu moro num cenário, do lado imaginário. Eu entro e saio sempre quando 'tô' a fim..."
Coisas que eu sei, Dudu Falcão.
"E tocar as músicas que fizemos. Elas me fizeram assim. E eu amaria ver esse dia."
Postcards from Italy, Beirut.
"Eles devem usar seus Reeboks clássicos, ou seus Converse acabados,
Ou seus bottons enfiados nas meias.
Mas essa não é a questão.
A questão é que não existe mais romance por ali.
(...)
E não é preciso ser nenhum Sherlock Holmes
Pra ver que está um pouco diferente por ali."
A certain romance, Arctic Monkeys.
"Faca de ponta não quero mais.
Quero a viola pra cantar com o meu amor."
Faca de ponta, Manacá.
"Confiança é uma máscara que cobre o rosto inteiro, menos os olhos."O importante? "A fé que você deposita em você, e só."
Balaclava, by Arctic Monkeys.
O anjo mais velho, por O teatro mágico.